Afinal é mesmo verdade, temos efectivamente dois sistemas nervosos a operar de forma
autónoma no nosso corpo. Aquele que é comummente apelidado de “segundo cérebro” vive,
para muitos de forma ainda secreta e por isso desconhecida, nos intestinos. À semelhança de
qualquer outro órgão, também este merece a devida atenção, já que o seu bem-estar determina a
saúde do nosso corpo e mente. Com efeito, muito da nossa saúde mental é ditada por este
segundo cérebro.
Assim, é de crucial importância voltar atenções para um dos órgãos, talvez o mais subestimado
de todo o aparelho digestivo: o intestino.
São muitas as evidências científicas que atestam a importância do estômago e da flora intestinal
na nossa saúde mental e não restam dúvidas de que aparelho digestivo tem uma influência
decisiva no nosso bem-estar físico e mental, já que no aparelho digestivo existe um sistema
nervoso autónomo, o tal “segundo cérebro” formado por milhões de neurónios que estão em
constante comunicação com o cérebro.
Podemos realmente dizer que temos o intestino ligado à cabeça e a importância deste sistema
nervoso é, de facto, excepcional, devendo-se em parte a uma influência directa que as bactérias
intestinais têm na neuropsicofisiologia (química do cérebro) e, consequentemente, no nosso
comportamento e saúde.
O aparelho digestivo possui, de facto, neurónios e uma atividade independente do cérebro, com
o qual mantém uma estreita e interessante ligação. O Sistema Nervoso Entérico é formado por
100 milhões de células. Há quem fale em 500 milhões de neurónios. Existe uma rede neuronal
que comunica através de neurotransmissores do cérebro para o intestino e vice-versa. Existe
efectivamente a evidência científica de que as nossas emoções afectam o funcionamento do
intestino e vice-versa.
Desta forma, enquanto profissional de saúde mental, psicológica e emocional, quero enfatizar a
intensa conexão entre as nossas emoções e o sistema digestivo. O sistema nervoso entérico
(SNE) está em toda a área do nosso sistema digestivo e é considerado o nosso segundo cérebro.
Ele abriga cerca de 500 milhões de neurónios e mais de 30 neurotransmissores, e nele se
processam cerca de 50% de toda a dopamina, e mais de 90% da serotonina presentes no
organismo.
Esses neurotransmissores estão ligados ao prazer e ao bem-estar. Por isso, desequilíbrios no
sistema digestivo afectam os níveis de dopamina e podem causar compulsão, alucinação e
delírio. Quando afectam os níveis de serotonina e geram a sua redução, podem estar na causa da
baixa autoestima e depressão. Por outro lado, quando promovem o excesso de serotonina,
podem estar associados à ansiedade.
Intestino e cérebro têm poder de interferência um sobre o outro, envolvendo respostas
emocionais e comportamentais. Também por isso é que diante de situação de stress podemos
sentir dor na barriga ou vontade de evacuar. Esses processos são influenciados por bactérias,
que exercem um papel regulador, como se fossem um órgão a mais. As bactérias nem sempre
são nocivas. A maior parte é até fundamental para o organismo. Qualquer modificação nesse
“jogo de inquilinos” do seu corpo pode provocar também um desequilíbrio e, com efeito, estar na
raiz de várias doenças.
A digestão está também ligada ao processo utilizado para “digerir” o que vem de fora, ou seja,
situações concretas do mundo físico. Em termos filogenéticos, o trato gastrointestinal é o sistema
mais antigo do corpo e o seu funcionamento e disfunções acabam sendo a via de expressão
visceral de como bem ou mal lidamos com as nossas emoções.
Desequilíbrios gastrointestinais estariam associados à negação das emoções básicas produzidas
diante dos acontecimentos.
Por isso, para intestinos e vida saudáveis, tão importante quanto alimentação equilibrada,
actividades físicas, hidratação e sono de qualidade, é trabalhar o auto-conhecimento e
desenvolver agilidade emocional, para melhor identificar e administrar situações de stress, e para
criar pensamentos, sentimentos e comportamentos que reflictam a sua essência e que o(a) levem
para os seus objetivos.
Boas escolhas alimentares são, com efeito, fundamentais não só para o corpo físico mas também
para o mental e emocional.
Abaixo deixo uma lista com aqueles que - de acordo com inúmeros estudos - são os melhores
alimentos para estimular um bom funcionamento cerebral. Incorporá-los na dieta pode melhorar o
humor, aguçar a memória e ajudar os neurónios a trabalhar com eficiência máxima. Veja então
quais são esses “super alimentos”:
1. Especiarias
Além de adicionar sabor, as especiarias são conhecidas pelas suas propriedades antioxidantes.
Isto é, elas ajudam o cérebro a combater os radicais livres nocivos e, portanto, previnem o stress
oxidativo, que pode danificar os tecidos. Os benefícios não param por aí. A cúrcuma, por
exemplo, é uma ótima opção para auxiliar a reduzir a ansiedade. Já o açafrão ajuda até a aliviar
sintomas de depressão, de acordo com estudos científicos e nutricionais.
2. Alimentos fermentados
Este tipo de alimento é feito combinando vegetais, leite ou outros ingredientes crus a
microorganismos como leveduras e bactérias. Alguns exemplos incluem iogurte natural com
culturas activas, como a kombucha. Todos eles são fontes de bactérias vivas que podem
melhorar a função intestinal saudável e diminuir a ansiedade. Uma revisão de estudos indicou
ainda que alimentos fermentados podem proteger o cérebro, melhorar a memória e retardar o
declínio cognitivo.
3. Chocolate amargo
Excelente fonte de ferro, ajuda a proteger os neurónios e a controlar a síntese de substâncias
químicas envolvidas no humor. Uma pesquisa com mais de 13 mil adultos descobriu que as
pessoas que ingerem chocolate amargo regularmente têm um risco 70% menor de apresentar
sintomas de depressão. O alimento também tem muitas propriedades antioxidantes. Mas,
atenção: certifique-se de escolher os que tenham pequenas quantidades de açúcar.
4. Abacate
Este fruto tem quantidades altas de magnésio, que é importante para o bom funcionamento do
cérebro. Inúmeros estudos sugerem que a depressão está relacionada com déficit de magnésio.
5. Oleaginosas
As oleaginosas (como amendoim, nozes, castanhas,etc.) têm gorduras e óleos saudáveis que o
cérebro precisa para funcionar bem, além de vitaminas e minerais essenciais. Os efeitos antiinflamatórios e antioxidantes das nozes, por exemplo, melhoram o raciocínio e a memória.
6. Vegetais verde-escuros
Couve, espinafres, agrião, rúcula, brócolos são exemplos deste tipo de vegetais (verde-escuros)
que fazem diferença na saúde especialmente por conter vitamina E, carotenoides e flavonoides,
que ajudam a proteger contra demência e declínio cognitivo. Outro benefício é que são uma fonte
incrível de folato, uma forma natural da vitamina B9, importante na formação de glóbulos
vermelhos. Como a deficiência de folato pode ser subjacente a algumas condições neurológicas,
aumentar o consumo do nutriente traz benefícios para a cognição e a produção de
neurotransmissores.
Referências:
Globocan 2018. World Health Organization
Site CNBC